domingo, 4 de novembro de 2007

Estilhaço

As estrelas no céu
São como estilhaços de almas
Que necessitam de espaço ilimitado para brilhar.


domingo, 23 de setembro de 2007

Depois de ouvir "Construção" de Chico num estado de espírito meio sombrio...

Vi meu corpo finalmente como um lugar passageiro
O cimento frio atraía - me cada vez mais
Na rua ninguém notava meu corpo cada vez mais leve
No ar os anjos assistiam, com atenção, a minha última tentativa de vida
Em mim, e por mim rapidos fluxos de energia passavam
Vezes claros, outras escuro como o carvão que um dia fora matéria clara, como eu matéria viva.

Atrás dos óculos a curiosidade de alguns se revelava
Atrás dos passos, no entanto, a poeira se levantava
Em volta muitos olhares curiosos esperavam minha reação, meu retorno.
Ao longe novamente os anjos sorrindo, mãos estendidas para mim
Sem luta, deixei meu corpo descansar e minha alma se dirigir aos anjos.

domingo, 26 de agosto de 2007

Há quanto tempo



No silêncio de sua casa mal iluminada, a cadeira a ranger, dona Luisa espera. Não sabe ao certo o quê. Espera simplesmente e sabe que daqui a mais ou menos meia hora chegará. Sempre um pouco tarde. A vela acesa hipnotiza, encanta, traz lembranças felizes de um tempo que não volta mais.

Na sua doce infância, a cristaleira da casa de sua avó parecia tão grande e imponente em seu canto da sala a reluzir seus cristais. Hoje, empoeirada em sua imensa sala de jantar, parecia mais frágil, pequena, melancólica. Ouviu vozes. Doces vozes da infância. Como era mesmo a voz de Laura? a esganiçada voz de Laura que fazia todos rirem quando ela dizia... Como era mesmo? Não se lembrava.

Ouviu vozes próximas, vozes de pessoas a chegar o mesmo toque de campainha que ouvia a trinta anos. Acendeu as luzes. À porta suas irmãs Laura e Áurea. Nossa, há quanto tempo... A porta rangeu ao lhes dar passagem. Como tinham mudado! Laura estava bonita, elegante... o corpo submetido a tantas intervenções não deixava a idade aparecer. Assim era muito fácil enganar o tempo. Loucuras que não eram pra ela. Áurea tinha mesmo deixado o tempo agir. Mais até do que ela mesma. Melhor mesmo sentar-se. Caminharam pela sala e seus passos eram marcados pelo ranger da madeira sob seus pés. Ao sentar-se Luisa corou ao perceber que a toalha da mesa era a mesmíssima toalha pruída que cobria a antiga mesa na última vez que se encontraram. Puxa, como era esquecida! Deveria ter se lembrado de dar uma mão de tinta na parede.

E alí ficaram as três na ampla sala da casa que fora de sua mãe, perto da triste cristaleira, a lembrar estórias de um tempo que não volta mais.

Why isn't Grammar Everything

Encontrei este texto no meio de um material sobre gramática que recebi na sessão de treinamento para professores da Richmond. Não sei de quem é a autoria, mas é engraçadíssimo.

Dear Son

Just a few lines to let you know that I am still alive. I am writing this slowly because I know that you can't read fast. You won't recognize the house when you come home. We've moved.

About your father, he has got a lovely new job. He has 500 men under him. He cuts grass at the cemetery. Your sister Mary had a baby this morning. I haven't found out yet whether it's a boy or a girl, so I don't know if you're an aunt or an uncle.

I went to the doctor's on Thursday and your father came with me. The doctor put a small tube in my mouth and told me not to talk for 10 minutes. Your father offered to buy it from him.

Your uncle Patrick drowned last week in a barrel of Irish whiskey at the Dublin brewery. Some of his workmates tried to save him but he fought them off bravely. They cremated him and it took 3 days to put the fire out.

It only rained twice this week, once for 3 days, then again for four days. We had a letter from the undertaker. He said that if the last payment on your grandmother's grave wasn't paid in 7 days, up she comes.

Your loving Mother,
P.S. I was going to send you five pounds, but I've alredy sealed the envelope.